Como escolher ações para investir

O objetivo deste post é como escolher ações para investir, considerando:

  • análise gráfica ou fundamentalista;
  • o que avaliar;
  • trade ou investimento;
  • horizonte de tempo;
  • empresas de crescimento ou pagadoras de dividendos;
  • setor econômico;
  • se consideramos passado ou futuro ao investir;
  • quando comprar e vender;
  • como diversificar.


Existem inúmeras formas de escolher ações para investir.

A proposta deste texto não é dizer como se deve fazer, mas sim, como eu faço.

Considere mais como um depoimento de um investidor, uma opinião a mais a considerar, para que você mesmo defina qual o método para escolher ações que melhor se adapta ao seu caso.

Análise gráfica ou fundamentalista?

Existem basicamente duas correntes de estudo no mercado de ações: a análise gráfica e a análise fundamentalista.

A análise gráfica estuda o movimento de preço das ações ao longo do tempo, procurando através de topos e fundos, uma tendência de subida ou de queda e pontos de entrada e saída.

A análise fundamentalista estuda os demonstrativos financeiros da empresa procurando por receitas financeiras consistentes, lucros constantes, baixo endividamento e crescimento do patrimônio líquido da empresa ao longo do tempo.

Estas características, consideradas as de uma boa empresa, levarão no longo prazo ao crescimento dela e, consequentemente, elevação do preço das suas ações.

Além dos números, a análise fundamentalista busca estudar quais os mercados, produtos e/ou serviços da empresa, tendências futuras, impactos econômicos e legais de medidas do governo, etc., para determinar qual ação comprar.

Eu me adaptei melhor com a análise fundamentalista, pois acho que as técnicas de pontos de entrada e saída não são muito precisos pela análise gráfica, muito provavelmente por minha falta de conhecimento, apesar de eu ter estudado durante anos.

Como escolher ações para investir: o que avaliar

Fatores que eu considero importantes na análise fundamentalista:

  • Setor econômico e área de atuação geográfica, como forma de diversificar;
  • Empresas com longo histórico na bolsa de valores – este critério descarta IPOs (ofertas públicas iniciais).
  • Boa governança – Novo mercado da Bovespa, ações ON e tag along (quanto os sócios minoritários recebem se a empresa for vendida);
  • Faturamento predominantemente crescente;
  • Lucro consistente ao longo dos anos;
  • Margem de retorno sobre o faturamento;
  • Baixo endividamento – este item varia com o setor econômico;

Para acompanhar os demonstrativos financeiros, utilizo muito os quadros resumidos do Bastter.

Trade ou investimento?

Seu objetivo é ganhar dinheiro fazendo trade (comprar na baixa e vender na alta), aproveitando o sobe e desce das ações, ou seja, sua volatilidade?

Se sim, muito provavelmente você vai utilizar mais a análise gráfica.

A qualidade da empresa aqui não importa muito, mas sim o momento no qual ela se encontra, em baixa ou alta, qual a tendência observada e projetada, e qual o melhor momento de comprar e vender, de acordo com a análise gráfica.

Se seu objetivo for de investir a médio e longo prazo, esta volatilidade não deveria ser importante, mas sim a qualidade da empresa. Cotação não importa!

Para buscar uma boa empresa, devem ser analisados seus números e características qualitativas dela, baseadas na análise fundamentalista.

Baseado em minha decisão no item anterior, eu invisto para ser sócio das empresas e crescer junto com ela ao longo do tempo, acreditando que a valorização das ações no longo prazo acompanhará seus bons indicadores financeiros.

Horizonte de tempo

Quem faz trade opera normalmente no curto prazo (pode ser no próprio dia – day trade, algumas semanas, ou até meses, em alguns casos).

Na análise fundamentalista, compra-se uma empresa por ela ser boa, e vende-se quando deixa de ser.

No meu caso particular, eu procuro escolher com bastante cuidado.

Uma vez tomada a decisão de compra, eu entro devagar, de acordo com a política de movimentação.

Entro para nunca mais sair da empresa, ou seja, compro para ficar com ela até morrer ou até surgir um critério de saída.

Nunca sair de uma empresa evita que paguemos corretagem e imposto de renda.

O critério de saída da empresa, se ela vier a ocorrer, é deixar de existir a maioria dos fatores que me fizeram entrar na empresa, elencados no item “Análise gráfica ou fundamentalista?”.

Mesmo assim, para sair, novamente, assim como eu entrei, eu saio aos poucos, obedecendo à política de movimentação.

Outro critério de saída, este independente da qualidade da empresa, seria alguma dificuldade financeira.

Dentro do possível, a saída de ativos de rentabilidade deve ser a última de todas, se possível respeitando a política de movimentação, e saindo primeiro da empresa pior para a melhor.

Ao sair lentamente de uma empresa, temos duas vantagens:

  • a empresa pode melhorar enquanto ainda não saímos completamente;
  • podemos descobrir que a empresa nunca esteve ruim, mas sim nossa análise estava errada.

Como escolher ações para investir: empresas de crescimento ou dividendos?

Esta é uma outra discussão clássica, se devemos comprar uma empresa que está crescendo absurdamente, mas distribui pouco do seu lucro (porque reinveste quase tudo em seu negócio).

Muitas empresas da área de tecnologia tem este perfil.

O outro tipo de empresa é aquela que já está em um setor econômico consolidado, é lucrativa, mas não tem mais muito para onde crescer, e por isto, distribui seus lucros na forma de dividendos.

O crescimento deste tipo de empresa normalmente é menor. Setores comuns deste tipo de empresa: telefonia, elétricas, água, cigarro, etc.

Na minha opinião, ambos os tipos de empresa, se forem de qualidade, têm seus méritos, e eu procuro diversificar entre os dois tipos.

Mas em ambos casos, as empresas têm de atender aos fatores do item “Análise gráfica ou fundamentalista?”.

Setor econômico

Minha diversificação em ações brasileiras, no momento de escrita deste post, está assim:

  • bens industriais – 10,7%
  • financeiro e outros – 4,7%
  • consumo cíclico – 2,5%
  • consumo não cíclico – 2,2%
  • petróleo, gás e biocombustíveis – 1,3%
  • saúde – 1,0%

Cito algumas empresas a seguir, não se trata de recomendação de compra ou venda, apenas minha opinião e, em alguns casos, tais empresas estão em minha carteira.

Setor econômico: bancos

Existem alguns setores que eu tenho mais dificuldade de analisar, como os bancos.

Entretanto, no Brasil, a maioria dos grandes bancos é lucrativa e têm números impressionantes e, mesmo sem conseguir analisar da forma como eu queria, tenho posições nos grandes bancos (Banco do Brasil, Itaú e Bradesco).

Grandes bancos não quer dizer Santander, que é grande, mas não é o maior de todos, e lucrativo no Brasil sustentando a matriz espanhola.

Este banco, em particular, não quero ser sócio.

Considerando que a empresa precisa ter um longo histórico, eu não invisto em fintechs.

Não quer dizer que eu não acredito nelas, sou até correntista e creio que em muitos casos, como cliente, as fintechs tem suas vantagens.

Mas ainda não chegaram ao ponto de eu querer ser sócio.

Setor econômico: outros

Alguns setores, no mercado brasileiro, simplesmente não tem muitos representantes, como o setor farmacêutico (não tem como comparar uma Novartis com a Droga Raia, uma excelente empresa dentro do ramo farmacêutico no Brasil – eu comprei).

Tecnologia é outro setor complicado (FAANG não ficam no Brasil – Facebook, Apple, Amazon, Netflix, Google), listadas na Nasdaq.

Cigarros, com o fechamento de capital da Souza Cruz, quem quiser comprar tem de adquirir ações da sua empresa mãe, a British American Tobacco, listada em Londres.

Luxo é outro setor que não temos no Brasil uma Moet Henessy Louis Vuitton, listada em Paris. Ou uma Ferrari, listada em Milão.

Um setor que, apesar da diversificação por mim adotada, eu não considero bom, pois as empresas operam às vezes no prejuízo devido à intensa competição e, fusões, quebras e aquisições são comuns, são as aéreas.

Entendo que cada investidor deve estudar um ou mais setores que ele entenda melhor e montar sua carteira, sempre observando a diversificação entre diversos setores e, dentro de cada setor, diversificando em mais de uma empresa, se possível (às vezes é difícil, em casos como Petrobras ou Vale).

Passado ou futuro?

A análise fundamentalista olha também os futuros cenários econômico (risco sistêmico) e setorial (risco de mercado daquela empresa e seus concorrentes).

Eu acredito ser extremamente difícil fazer previsões. Mesmo os grandes economistas estão revendo projeções de PIB diferentes entre eles, mês a mês.

Setorialmente, não acredito também que eu consiga prever, por exemplo, a evolução do mercado de cervejas melhor que os funcionários contratados para isto na Ambev.

Ou muito menos, me antever, como as telefônicas não o fizeram, para o surgimento do WhatsApp, para citar somente um exemplo.

Então, eu invisto olhando mais o passado (o que comprovadamente tem funcionado) e posso esperar o futuro chegar.

Se o futuro chegar muito rápido e a empresa ficar ruim, minha proteção estaria na diversificação.

Veja, entretanto, uma outra opinião completamente oposta (e válida também, embora eu não concorde), neste post.

Eu seria o que o autor deste artigo chama de investidor de retrovisor. Sem problemas para mim, desde que eu me sinta confortável com esta escolha.

Quando comprar e vender

Se eu considerei que uma determinada empresa é boa, eu não olho a flutuação de preços de mercado.

Eu entro devagar, de acordo com a política de movimentação, aos poucos, de preferência uma empresa de cada vez, alternando entre as que eu pretendo comprar, de forma a diluir o preço médio de compra.

Dentre as empresas que escolhi, eu sempre compro a que está mais atrás de minha meta de percentual na carteira.

O mesmo raciocínio vale para os raros casos em que eu decido sair da empresa. Não olho preço de mercado.

Como escolher ações para investir: diversificação

A diversificação, em minha opinião, é a melhor forma de se proteger dos diversos riscos.

Importante ressaltar que ela não protege de tudo, mas diminui os riscos de perda (diminui também os riscos de enriquecer, veja no livro Axiomas de Zurique).

Para diversificar, eu tenho estabelecidas as políticas de alocação e distribuição.

No caso de ações, eu parto de um cenário maior para o menor:

  • Diversificação por país (moeda) – veja também como investir no exterior.
  • Em cada país, em mais de um setor econômico.
  • Dentro de cada setor econômico, escolho uma ou mais empresas que atendam os fatores que analiso.

Como escolher ações para investir – Conclusão

Este post juntou conceitos vistos em posts anteriores, acrescentando alguns novos. Para facilitar, coloquei aqui no final um resumo consolidado, como um checklist:

  • análise gráfica ou fundamentalista;
  • o que avaliar;
  • trade ou investimento;
  • horizonte de tempo;
  • empresas de crescimento ou pagadoras de dividendos;
  • setor econômico;
  • se consideramos passado ou futuro ao investir;
  • quando comprar e vender;
  • como diversificar.

Escolha com bastante estudo e critério, e definida a sua politica de alocação, distribuição e movimentação, compre as ações que serão parte de sua carteira de ativos de rentabilidade.

Sugiro fortemente também que estude outros sites, os que tiverem visão completamente oposta ao que coloquei aqui, e tire suas próprias conclusões.

Desejo a você boa sorte nesta jornada e espero ter ajudado!

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