Dicas para investir em bitcoin

Neste post, vou explicar um método para investir em bitcoin e outras criptomoedas numa carteira de investimentos, dicas se o bitcoin é confiável, se está numa bolha, quando comprar e vender, e sobre como evitar perdas com pirâmides.

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Como comecei a investir em bitcoin

Se você ainda não conhece o bitcoin ou as outras criptomoedas e a tecnologia que elas utilizam, conhecida como blockchain, consulte o post sobre Introdução ao bitcoin.

Lá eu explico também como foi que conheci o bitcoin e comecei a usar sem nem mesmo saber o que é.

No princípio, eu o utilizava para transferir dinheiro de minha conta-corrente para a conta da corretora, era um meio de pagamento.

Ninguém espera que o valor de origem de uma remessa internacional se multiplique no caminho e chegue muito maior ao destino. Espera-se que chegue o que foi enviado. E isto o bitcoin atendia.

A primeira vez que comprei bitcoin, o achei extremamente caro, para algo virtual e que pouquíssima gente conhecia.

A cotação era de quase R$ 1.700 para comprar 1 BTC.

Mas este valor não importava, porque eu estava enviando um valor em dólares na origem e este valor, idêntico, chegaria ao destino.

Quanto valia o bitcoin durante esta transferência não era importante para mim.

Se na primeira vez que comprei, achei caro, imagine o leitor alguns meses depois, na minha segunda transferência utilizando bitcoin.

A cotação tinha subido para R$ 2.900 por 1 BTC.

Baseado nisto, decidi colocar um valor que não fizesse muita falta sem fazer transferência alguma.

Ou seja, eu comprei e guardei.

Bitcoin é confiável?

Eu não conhecia nada de bitcoin.

Então, se eu não conheço algo, para mim não é confiável.

Não por não ser confiável, mas por eu desconhecer o assunto.

Acredito que não se deve investir em nada sem conhecer a fundo.

Só vejo uma exceção para esta regra. Se você se propuser a perder o dinheiro, considerá-lo como uma despesa. De preferência, uma despesa pequena, que não fará falta no seu patrimônio e, para o qual você não espera retorno algum.

Por exemplo, o dinheiro gasto em um bilhete de loteria, uma tarde jogando num cassino, uma boa refeição num restaurante, um ótimo filme num cinema, etc.

Você gasta este dinheiro, não esperando que um dia ele volte. E provavelmente, você não gasta, digamos, 80% de seu patrimônio, em um ingresso de cinema.

Baseado nisto, eu costumo raciocinar que, se eu não conheço algum investimento, vou considerá-lo como um gasto. O montante ali colocado não faz mais parte de meu patrimônio. Se perder, já estava perdido mesmo.

Bitcoin é pirâmide?

Existe uma história que diz mais ou menos assim: “todos os dias, acorda um otário metido a esperto e um vigarista fingindo ser otário. Quando eles se encontram, sai negócio.”

Golpes sempre existiram. Algumas características são bem comuns:

  • promessa de enriquecimento rápido;
  • método infalível, fácil de ganhar, impossível de perder, rendimento garantido;
  • esquema mirabolante que produz este enriquecimento;
  • você tem que investir o mais rápido possível (faz parte da psicologia do golpe esta rapidez, para que a vítima não tenha tempo de raciocinar).

Dito isto, bitcoin não é pirâmide, mas pode, sim, ser usado em uma.

Assim como o ativo mais usado (dinheiro).

E Assim como já foi com o boi gordo, o avestruz, o Forex, o Telexfree, etc.

Normalmente, os primeiros que entram em uma pirâmide obtém o ganho prometido, porque o dinheiro para sua retirada vem dos que entraram depois deles.

Até que estas pessoas param de entrar e não se tem mais como pagar quem está saindo, porque não está mais entrando dinheiro novo.

Posso perder todo meu investimento?

Bem, você só perde o que colocou.

Se você colocou tudo, perde tudo.

O otário coloca tudo o que tem porque se julga esperto. E o mais triste não é isto. Ele continua buscando uma nova oportunidade de enriquecimento fácil, batalha para recuperar o que perdeu, e cai no próximo golpe, pois não aprendeu nada com o erro.

Se você colocou o dinheiro do ingresso de um cinema, perde todo o valor do ingresso. Igual quando assiste a um filme muito ruim.

Eu mesmo perdi parte do investimento em mineração na Hash Ocean (pesquise no Google) e parte pequena em arbitragem de criptomoedas na Atlas Quantum e não consigo retirar.

Será que eram golpes? Descobri depois que sumiram que sim, mas o valor ali investido foi muito pequeno.

Dito isto, mesmo valores pequenos, recomendo cautela.

Uma vez que o bitcoin é rastreável na blockchain, você pode ser envolvido em investigações criminais por somente ter transacionado bitcoins com endereços suspeitos.

Melhor ficar longe em caso de suspeita!

Bitcoin é bolha?

A cotação do bitcoin na primeira compra foi R$ 1.700 aproximadamente.

Na segunda compra, apenas alguns meses depois, estava R$ 2.900.

Houve um rally do bitcoin no final de 2017, ao nível mundial. Ele chegou a bater US$ 20 mil.

Sim, dólares, não reais. E eu achei a cotação de R$ 1.700 um absurdo quando fiz minha primeira compra!

Então, deu no Jornal Nacional em horário nobre.

A partir do dia seguinte, muita gente correu para as corretoras de criptomoedas para investir todo seu patrimônio e ficar rico da noite para o dia.

Nunca faça isto!

As pessoas não sabem a sorte que tiveram, porque muitas corretoras não conseguiram atender o volume de pessoas querendo abrir conta e estas não conseguiram comprar o bitcoin.

Em 2018, houve uma queda violenta dos preços e quem comprou no topo perdeu muito dinheiro.

Quando comprar e vender bitcoin

Entrei por acaso e a coisa subiu como um foguete. E agora, o que fazer? Em dezembro de 2017, no auge do bitcoin, comentei sobre esta dúvida com um casal amigo.

– Isto é uma bolha, venda o quanto antes! – disse meu amigo, um profissional muito experiente da área financeira.

– Eu também acho que é uma bolha e deveria vender… Mas e se eu vender e subir mais? – respondi.

– Ah, então não venda, compre mais. – disse a esposa de meu amigo.

Este diálogo, simples e contraditório, foi uma luz para minha dúvida.

Imaginei, por que não fazer as duas coisas como se fossem duas pessoas completamente diferentes?

Primeiro, criei um critério de entrada se eu fosse uma pessoa que não tivesse bitcoin e quisesse entrar com muita cautela.

Exemplo: pessoa com patrimônio de R$ 100 mil compra 1% ao mês (R$ 1.000).

Depois, criei um critério de saída para alguém que tivesse ganhado muito dinheiro com a subida e quisesse sair aos poucos.

Exemplo: pessoa investiu R$ 10 mil, o bitcoin subiu, e ela se viu com R$ 80.000. Então, ela decide vender 2% do investimento ao mês (R$ 1.600).

Neste exemplo, o somatório definiria a movimentação mensal, uma venda de R$ 600.

Uma vez definidos os dois critérios, movimentar todos os meses, respeitando ambos.

Gestão de criptomoedas

Nos artigos sobre Gestão de Portfólio, eu expliquei o que são a política de alocação, distribuição e movimentação.

Mas as criptomoedas eram algo tão obscuro, volátil e imprevisível, que eu tive de adaptar estas políticas.

Quando eu comprei pela primeira vez, eu não conhecia bitcoin, há quatro anos.

Mas não dá para investir em algo sem conhecer por quase meia década.

Então, fui estudar. Fiz inclusive uma especialização no assunto. Uma especialização em criptomoedas, entretanto, não a deixa menos volátil e imprevisível.

Após conhecer melhor, defini uma variação das políticas para o caso das critpomoedas.

Alocação

Decidi dividir nas diferentes criptomoedas, conforme a capitalização de mercado destas no site CoinMarketCap.

Ou seja, as proporções de cada moeda em meu portifólio têm de acompanhar o mercado.

Se estiver menor, eu compro, se estiver maior eu compro outra que está atrás (eu não vendo, o critério de venda está na política de movimentação).

Considerei nesta alocação não somente o Bitcoin, mas também o Ethereum, Ripple e as demais que estão no quadro.

Desconsiderei o Bitcoin Cash e o Bitcoin Satoshi Vision, porque eles vivem cercados de polêmicas nos sites de notícias.

Verdadeiro ou não, eu quero ficar longe.

E o Tether, porque é um espelhamento do dólar. Se eu quiser dólar, compro dólar, não uma criptomoeda que espelha o dólar.

Distribuição

Foi a que teve menos impacto.

Basicamente, fui estudar os diferentes tipos de carteiras para cada criptomoeda, colocando um valor pequeno em cada carteira.

Movimentação

Decidi movimentar 2% do portfólio total por ano, dando dez anos de crédito para esta tecnologia inovadora, até chegar ao meu limite máximo de 25% no ano de 2029.

Se em dez anos, o bitcoin ainda existir, não deve ser uma bolha ou uma moda passageira.

Talvez eu esteja com 25% num ativo muito seguro.

E se antes de dez anos, o valor crescer e passar de 25%, eu vendo até baixar a 25% e paro de comprar. Veja previsão abaixo:

Por último, uma consideração.

Embora eu tenha usado o termo investir em criptomoedas durante todo o post, se você tiver lido o primeiro artigo sobre o que são criptomoedas, vai ver que eu não considero investimento, pois as criptomoedas, por si só, não geram valor.

Nada é produzido, ou consumido, a moeda continua imutável, o que muda é o preço que as pessoas estão dispostas a pagar por ele.

Então, para ser mais exato, seria especulação, como a compra de dólar ou ouro.

Perspectivas futuras

Uma vez definidas as políticas de alocação, distribuição e movimentação, para mim, basta segui-las.

E estudar muito esta sensacional tecnologia do blockchain, cujo uso por criptomoedas é apenas e tão somente uma das utilidades. Ele está sendo utilizada em:

  • proteção de direitos autorais (a prova da autoria guardada na blockchain inviolável);
  • automatização de processos de trabalho (mediante smart contracts);
  • autenticação de documentos (como os direitos autorais, guardada em blockchain);
  • rastreamento de produtos (em combinação com IoT – Internet of Things);
  • “tokenização” de ativos financeiros (o Tether é um token do dólar, e já existem tokens de outros ativos, como obras de arte);
  • para quem é da área de tecnologia, há a possibilidade de uma carreira completa trabalhando com blockchain.

O que mais estará por vir? Com base nisto, acredito que este cenário tecnológico tem muitas oportunidades e, diferente de entrar sem nem saber direito como foi no caso do bitcoin, há quatro anos, desta vez quero estar mais preparado. Até a próxima!

Este post faz parte de uma série de artigos sobre Criptomoedas.

A data original deste post foi julho/2020.

Leia o que aconteceu em 2021 e 2022.

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