Gestão de Portfólio – Parte 2: Política de Distribuição

Política de Distribuição é como eu chamei a divisão dos recursos alocados pelas diferentes instituições financeiras.

Image by Republica from Pixabay

A diferença entre a alocação seria que nesta, eu defino no QUE investir. Distribuição seria ONDE guardar o dinheiro investido.

Na primeira parte do assunto Gestão de Portfólio, falei sobre minha Política de Alocação, sobre os critérios que embasam como eu aloco meus recursos dentro do portfólio.

Utilizei um critério semelhante também para fazer a distribuição dos recursos de meu portfólio.

Limite de Distribuição

Como escrito em Alocação, eu (isto sou eu, você difere, outra pessoa, crie seu critério ou adapte o meu, como preferir), eu me sinto desconfortável se possuo mais de 25% em um só lugar, não importa onde. Normalmente, não deixo nem passar de 10%, quando possível.

Bancos

Existem, na minha opinião, ao nível nacional, quatro grandes bancos no Brasil, na época deste post, em abril/2020 (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Itaú).

São instituições sólidas, cuja quebra é extremamente improvável, duas deles inclusive tem o governo brasileiro como acionista. Poderíamos discutir horas sobre a quase impossibilidade destes bancos quebrarem, no que eu concordo plenamente.

Bem, mas se eu tiver somente 25% do meu dinheiro em cada um, e um deles quebrar, eu perdi somente estes 25%. A discussão de perder ou não tudo se o banco quebrar não existe mais, porque tudo não está mais no mesmo lugar.

Existe um quinto banco enorme e de respeito, o Santander. Eu, particularmente (somente minha opinião), fico inseguro de deixar meu dinheiro em um banco cuja operação brasileira vai muito bem, mas tem problemas na matriz espanhola.

Então eu tenho conta, mas deixo pouco dinheiro. Vale a pena, porém, ter uma conta nele: ele possui serviços, em alguns casos, melhores que os outros quatro.

Na verdade, não existe melhor ou pior, para cada perfil de uso, um banco vai te atender melhor que outro.

Fundo Garantidor de Crédito (FGC)

Quando eu digo perder se o banco quebrar, entenda o dinheiro ficar “preso”, pois no Brasil temos o Fundo Garantidor de Crédito, que garante o correntista em caso de quebra de um banco, até um determinado limite.

Isto, porém, não quer dizer que quando o banco quebra, no dia seguinte o FGC te deposita o dinheiro perdido em outra conta sua.

Simplesmente quer dizer que, após todos os procedimentos do FGC, você terá seu dinheiro de volta dentro de um determinado prazo e no limite das regras do FGC.

Bem, mas se você precisar do dinheiro até chegar este dia, este pode não estar disponível.

Considerando isto, 25% imobilizado parece melhor do que 100% imobilizado, não?

Lembrando aqui que o FGC cobre conta-corrente, poupança e Certificado de Depósito Bancário (CDB), mas não cobre fundos, atenção!

Vantagens e desvantagens de ter várias contas bancárias

Existem vantagens e desvantagens de ter mais de uma conta bancária, com seus recursos divididos entre elas.

Vantagens:

  • um problema que afete um banco (por exemplo, sistema fora do ar, perda e/ou roubo de um carão), dificilmente afeta outro;
  • limites de conta podem ser melhores em um banco do que outro;
  • é uma forma de comparar os diferentes serviços e, para cada um deles, utilizar o banco que te atende melhor;
  • mais opções de caixas automáticos e cartões de débito/crédito.

Desvantagens:

  • logo de cara, você tem menos poder de barganha com seus gerentes;
  • mais taxas bancárias;
  • maior esforço de gerenciamento (extratos, saldos negativos, etc);
  • o dinheiro pode estar indisponível onde você precisa e disponível onde você não precisa;
  • mais opções de empréstimos, mas opa! Nunca mais faça dívidas, nunca!!!

Para mim, a maior vantagem (deixar somente uma parte do meu dinheiro, prevenindo uma quase impossível quebra de um grande banco) é se este quebrar, no caso do impossível acontecer. Mas este é um critério pessoal.

Fintechs

A tecnologia tem avançado muito nos últimos anos e temos visto o surgimento de serviços financeiros prestados por fintechs, em muitos casos superior aos grandes bancos, sobretudo no atendimento.

A maioria das vezes que eu fui a um dos grandes bancos para resolver um problema, eu saí com dois (o que eu não consegui resolver e o que o atendente do banco me arrumou).

Os bancos grandes precisam acordar, no quesito atendimento. Muitos jovens têm mudado para as fintechs, dos quais a mais famosa é o Nubank, embora hajam outros como o Banco Inter, Banco Original, C6, etc.

Por outro lado, a probabilidade de quebra é maior que a de um grande banco, ainda que tenha todas as garantias legais dos grandes bancos, incluindo o FGC.

Minha decisão foi deixar um valor pequeno nestes bancos, mas para utilizar o que eles de melhor oferecem (no meu caso, o Banco Inter oferece TED gratuito).

Lembrando que, no caso de bancos menores, não existe almoço grátis. Se o retorno da taxa de juros do CDB do banquinho é maior que a do bancão, é obvio que o risco também é maior. Cuidado!

Corretoras

Com as corretoras, onde você compra ações, fundos imobiliários e títulos do tesouro nacional, a preocupação de perda é somente com o dinheiro parado na conta-corrente deles. Se a corretora quebrar, este montante ficará indisponível.

Com as ações, fundos imobiliários e títulos do tesouro nacional, não tem problema, pois estão custodiados na Bolsa de Valores, em seu nome.

Ainda assim, deixo estes ativos em, no máximo 25%, pois no caso de quebra da corretora, estes podem ficar “presos” até que seja feita a transferência de custódia para outra corretora.

Se você, por algum motivo, precisar dos recursos, pode ser um problema, lembrando que, apesar disto, o dinheiro em renda variável foi colocado lá porque o investidor não precisa dele, então ficar momentaneamente indisponível não deveria ser problema.

Dito tudo isto, ainda assim, eu prefiro uma corretora grande, com menos chance de quebrar, como a Ágora (com o Bradesco por trás) ou a XP, além das corretoras dos próprios bancos.

Nestes últimos, a corretagem pode ser maior, mas não importa. Corretagem é totalmente irrelevante para mim perto da segurança. Não faça economia de palito.

Para ficar mais seguro ainda, devemos fazer também uma alocação e distribuição internacionais, ou seja, o patrimônio todo nem deveria estar no Brasil.

Este assunto, mais avançado, está no post Como investir no exterior.

Este tema Gestão de Portfólio está dividido em três partes:

  1. Gestão de Portfólio – Parte 1: Política de Alocação – EM QUE investir.
  2. Gestão de Portfólio – Parte 2: Política de Distribuição – ONDE guardar.
  3. Gestão de Portfólio – Parte 3: Política de Movimentação – COMO mover.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Translate »