Planilhas de Projeção Financeira: orçamento, aumento e diminuição de receitas e despesas, entrada e saída de grandes valores.
Gosto de utilizar planilhas de projeção financeira para analisar cenários diferentes e os impactos futuros de decisões no presente.
Introdução
Existem críticos deste tipo de planilha que argumentam, com razão, ser impossível prever o futuro.
Ainda assim, tomando como base algumas premissas, creio ser possível simular pelo menos cenários de apoio para tomada de decisões.
Planilhas de Projeção Financeira ajudam também a visualizar possíveis problemas futuros, agindo de forma preventiva no presente.
Premissas
Não vejo como prever inflação futura, tanto de receitas (reajuste de salários, por exemplo), ou despesas (aumento de aluguel, plano de saúde, etc.).
Sendo assim, de forma radical, uso valores sem correção inflacionária mesmo em cenários de longo prazo, ajustando o modelo conforme a inflação vai ocorrendo.
Para receitas, uso o valor previsto de recebimento.
No caso de receitas de aluguel, não considero constante todos os meses, mas faço um valor médio menor, considerando a vacância passada.
Para despesas, uso o valor médio dos meses anteriores.
Caso eu vislumbre algum problema futuro, adapto o valor em despesas, reduzindo alguma das rubricas – veja o post Como diminuir suas dívidas e despesas.
Neste caso, não utilizo o valor médio daquela despesa no passado, mas sim uma meta de economia a alcançar.
O ideal é que receitas sejam maiores que despesas, para que o patrimônio cresça.
Existem estudos diversos que tentam dimensionar o quanto tirar de um patrimônio para que este dure até o final da vida como, por exemplo, a regra dos 4%.
Não uso este critério, pois depende de duas variáveis (qual o percentual ideal de retirada e expectativa de vida).
O modelo, além disto, prevê crescimento contínuo. Após minha partida, o que restar fica para os herdeiros, o importante é que ele não acabe em vida.
Outra premissa é manter o mínimo possível de custos fixos e endividando-se o mínimo possível.
Cenário projetado e ajustado
As imagens a seguir mostram o gráfico da planilha que eu utilizo, conforme vario alguns parâmetros.
A linha preta tracejada representa uma projeção feita em uma data inicial, que serve de base para saber se o desempenho está sendo melhor ou pior que o previsto.
A linha azul representa o realizado até o momento, ajustando a projeção futura.
Apenas uma curiosidade, o título da planilha é Faith (Fé).
Volatilidade e passado
O gráfico (tanto projetado como o ajustado), mostram uma situação ideal, sem volatilidade.
Sabemos que no mundo real isto não acontece.
A volatilidade provém de dois fatores principais, dentre outros:
- flutuação da renda variável;
- variação das receitas e despesas (em outras palavras, imprevistos como ganhar na loteria ou ter um problema de saúde na família).
Veja nesta figura um recorte do início do gráfico ajustado, ilustrando os altos e baixos do passado.
Seguem-se agora diversas simulações, considerando diferentes cenários.
Simulação 1: orçamento desequilibrado
Se as despesas forem maiores que as receitas, um dia o dinheiro acaba.
Simulação 2: diminuição de despesa
Qual seria o impacto de diminuir uma despesa como o valor do aluguel, por exemplo?
Lembrando que a planilha ilustra apenas o impacto financeiro.
No caso de uma mudança na moradia, temos de ver toda uma série de outros aspectos, objetivos e subjetivos.
Simulação 3: aumento de despesa
Aqui entra, por exemplo, o impacto de um reajuste no plano de saúde.
No caso de reajustes, já começamos aqui a incluir os impactos inflacionários no modelo, mas na minha premissa, eu incluo o reajuste inflacionário somente após conhecer concretamente o que aumentou.
Simulação 4: aumento de receita
Este caso poderia ser, por exemplo, uma troca de emprego ou um trabalho extra.
Para ressaltar um impacto financeiro significativo, coloquei como aumento um emprego no exterior, com um salário superior aos encontrados no Brasil.
Assim como na mudança de imóvel, a planilha vai analisar somente o impacto financeiro, cabendo a nós avaliarmos os demais impactos em nossa vida decorrentes desta mudança.
Simulação 5: entrada de grandes valores
Vamos dizer aqui que ganhei na loteria, colocando o prêmio previsto de R$ 450 milhões, da mega da virada de 2022.
Neste gráfico, coloquei a escala também de valores, para visualizar o potencial de juros compostos ao longo do tempo.
Simulação 6: compra de imóvel
A compra de um imóvel próprio para morar possui dois impactos.
O gasto imediato da compra (neste caso simulando uma compra a vista).
A diminuição imediata das despesas, pois não existe mais o aluguel.
Neste exemplo, coloquei um caso de impacto positivo, onde um gasto inicial faz com que as despesas diminuam, elevando o resultado futuro.
Conclusão
Apesar das restrições elencadas na Introdução, eu acredito que fazendo premissas razoáveis, planilhas de projeção financeira podem ser úteis, desde que não as tomemos como voz da verdade.
É uma ferramenta de apoio à decisão que tem me ajudado nos momentos em que temos de analisar pontos de inflexão na vida, como mudar de imóvel ou emprego, realizar um investimento com possibilidade de retorno futuro, decidir a viabilidade de uma viagem, etc.
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